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A DOUTRINA DO PECADO DE MORTE COMO FATOR DE DESENVOLVIMENTO DE QUADRO DEPRESSIVO NOS MEMBROS DA CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL

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Autor: Evandro Rodrigues. Bacharel em Teologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie

RESUMO


Esta pesquisa tem como finalidade analisar o grave problema moderno relacionado à depressão, com foco no sentimento religioso dos membros da Congregação Cristã no Brasil. Historicamente, as denominadas doenças do cérebro estiveram relacionadas a fatores espirituais, como o castigo 
por causa do pecado ou transgressão aos mandamentos divinos. Embora possua seu caráter terapêutico, o sentimento religioso vem sendo considerado como fator impeditivo para que os cristãos portadores de doenças mentais procurem tratamento terapêutico profissional. Dentro da teologia evangélica, determinados pecados, principalmente os de ordem sexual, são considerados como erros graves, passíveis de punição e castigo divino. O cristão, de maneira geral, vê-se em constante estado de tensão entre os desejos instintivos de seu corpo e os preceitos que regulam sua fé. Como agravante, a Congregação Cristã no Brasil tem defendido, ao longo de sua 
história, que os pecados de ordem sexual são delitos irreversíveis, considerados como “pecado de morte”. Dessa maneira, o membro dessa denominação parece viver maior tensão, pois, caso cometa algum pecado dessa natureza, perde a condição de filho de Deus e de membro da igreja. Diante disso, para o indivíduo que comete tal transgressão não resta mais esperança, pois seu “estado pecador” o coloca frontalmente em oposição a Deus, sem nenhuma perspectiva de restabelecimento espiritual diante do grupo. 
Assim, a pesquisa procura compreender as causas que levaram a Congregação Cristã no Brasil a adotar o que chama de “doutrina do pecado de morte” e sua relação inequívoca com os pecados de ordem sexual, bem como entender em que níveis essa doutrina pode influenciar os fatores que desencadeiam os quadros depressivos em seus membros. 


INTRODUÇÃO

A depressão tem sido considerada como o “mal do século”. Diante das dificuldades da vida, muitas pessoas veem-se incapazes de enfrentar os problemas de forma equilibrada, buscando soluções racionais e efetivas para cada desafio que a vida apresenta. A perda de um ente querido, o fracasso profissional em um mundo tão competitivo, as dificuldades em lidar com os filhos ou com os pais idosos, desilusões amorosas e tantos outros problemas acabam por minar as energias do indivíduo. Assim, em muitos casos, as pessoas preferem atribuir suas dificuldades e fracassos a entidades ou forças que povoam outro plano, o mundo espiritual, em vez de optarem pelo enfrentamento e resolução. Desde muito cedo, a humanidade tem feito uma relação direta e inequívoca entre os problemas e a atuação de forças espirituais, seja na forma de ingerência maligna dos demônios, seja como respostas punitivas das divindades a ações consideradas como pecados.
Na moralidade cristã existem categorias de pecados bastante definidas. Esses pecados, se cometidos, são passíveis de severa punição divina, já que Deus, embora misericordioso e 
compassivo, também é apresentado como o Grande Juiz. Dentro dessas categorias, nenhuma é mais temida do que os pecados de natureza sexual. Manter relações sexuais fora do padrão estabelecido pela Bíblia, ou seja, o casamento, fatalmente representará um grande agravo do cristão com relação a Deus. Dessa forma, o temor daqueles que não cometeram esse tipo de pecado ou a tristeza daqueles que o cometeram pode desencadear um angustiante processo de autopunição. Acrescentando-se as sanções eclesiásticas e a reprovação do grupo em que o indivíduo se encontra envolvido, obtem-se propícia condição para o desenvolvimento de doenças de ordem depressiva.
Após a Reforma Protestante, a autoridade sobre os assuntos de ordem espiritual foi transferida da Igreja para as escrituras. Diferentemente do cristão católico, o cristão protestante não possui o conforto da mediação por meio do sacerdote. Nos casos de pecado entre os protestantes, não basta a autoridade 
eclesiástica afirmar ao membro penitente que Deus o perdoa. Ele precisa confirmar nas escrituras se o seu pecado pode ser realmente perdoado por Deus. Dessa maneira, a interpretação pelos cristãos protestantes à revelia da exegese bíblica, muitas vezes feita a partir de apenas alguns versículos bíblicos isolados, acaba por levar o crente à conclusão de que seu pecado não tem perdão. De certo modo, o protestante precisa “ouvir” sua absolvição diretamente de Deus.
A Congregação Cristã no Brasil é uma denominação considerada protestante. Porém, desde a sua origem, mantém particularidades em sua doutrina que a diferenciam das demais igrejas protestantes. Entre essas particularidades está a doutrina relacionada aos pecados de natureza sexual. O membro dessa denominação tem consciência de que, caso cometa esse tipo de pecado, é impossível ter sua condição restaurada diante de Deus e do grupo, pois a Congregação Cristã no Brasil relaciona os pecados sexuais com o “pecado de morte”. Uma vez cometido o pecado de morte, mesmo que haja arrependimento do pecador, este está excluído da comunhão com os irmãos e com Deus. Resta-lhe apenas o juízo final.
A assimilação desse tipo de doutrina, aliada ao preconceito da grande maioria dos cristãos com relação à psicologia e à psiquiatria, pode vir a representar importante fator de impedimento para que os portadores de depressão procurem tratamento adequado quando acometidos por doenças de ordem mental.
A presente pesquisa procura assim investigar se a doutrina do pecado de morte, da maneira como é concebida pela 
Congregação Cristã no Brasil, constitui fator de desenvolvimento da depressão e elemento agravante dos quadros depressivos entre os membros da denominação. Os objetivos visam identificar a influência da doutrina entre os membros, bem como compreender o desenvolvimento dessa doutrina e avaliar até que ponto sua assimilação dificulta o diagnóstico e o tratamento do portador de depressão.

Leia o estudo completo e veja o referencial teórico, a metodologia utilizada na pesquisa, os resultados e discussões do questionário aplicado aos membros da Congregação Cristã no Brasil CLICANDO AQUÍ.

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